sábado, 27 de dezembro de 2008

Cavalo de Tróia

É Natal, época de reunirmos a família e os amigos, de estarmos contentes e celebrando a paz, e acho não pode haver pior notícia do que o avanço de belicismo em nosso país. O acordo Brasil-França prevê um gasto da ordem de 20 bilhões de reais, dos cofres do povo brasileiro, num projeto de fortalecimento das forças armadas nacionais.
Esse submarino atômico e os outros 4 não-atômicos são o maior presente de grego que o povo brasileiro poderia receber neste natal de 2008. Como se não bastasse a inutilidade de parcos submarinos para defender nosso litoral extremamente extenso, deixamos de investir em educação, que constitui a verdadeira forma de atingir a paz através do entendimento.
Com 20 bilhões de Reais os brasileiros poderiam erguer 2 mil escolas ao custo de 10 milhões cada, ou pagarmos 1 milhão de professores com salários e 20 mil reais anuais.
Então, antes que chegue o ano-novo, proponho uma reflexão: Será que não estamos transferindo "tecnologicamente" um cavalo de tróia para o Brasil?

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Incêndiando ônibus Grego

Se os brasileiros de grandes captais como o Rio de Janeiro, São Paulo ou Salvador falassem grego, acho que teríamos uma revolução de proporções cataclísmicas em nosso país. Vejo agora quase incrédulo essa revolta geral criada na Grécia por causa da morte de um adolescente por um policial. Coisa que lá é motivo de explodir bombas, quebrar lojas e invadir instituções aqui é apenas um fato comum e diário. De vez em quando vemos alguem incêndiando um ônibus como forma de protesto, mas isso é fato raro, já que a maioria dos homícidios de jovens passa em branco e vira parte das estatísticas da cara da morte.

Quem dera falassemos Grego. Quem dera fosse obrigatório o ensino da língua Grega nos currículos das escolas brasileras. Alem de entendermos mais sobre Sócrates, Aritóteles e Pitágoras não sobraria um só ônibus para incendiarmos, pois estariam todos pegando fogo neste momento. E aí, quem sabe, as coisas começassem a mudar.

10 de Dezembro de 2008

Estacionamentos S.A.

Os estacionamentos cariocas sempre foram dominados por verdadeiros cartéis. Quantas foram as vezes que eu já tive que pagar 5 reais, ou mais, para um guardador que nem se quer vigia o carro. Esses guardadores que chegam a extorquir 10 a 15 reais de madames e patricinhas amedrontadas, durante os finais de semana. Outro dia mesmo tive o capô do meu carro amassado e arranhado por um sujeitinho que "guarda" carros no Baixo Gávea, tentei estacionar pelo Vaga Certa, mas quando retornei vi que meu prejuízo passaria dos 100 reais. Por essas e outras fiquei de queixo-caído quando fui a Brasília e um guardador, perto da antena de TV, só faltou me beijar a mão pelos 50 centavos que lhe dei livremente. Mas tenho certeza que o carioca não quer em a esmola, nem a extorsão. O carioca quer estacionamento organizado e principalmente que dê direito a seguro em caso de roubos ou acidentes. E isso nem a nova empresa de Estacionamentos do Rio vai oferecer.

11 de Novembro de 2008

Fast-Jornalismo

O que o Ministro Haddad defende me parece uma injustiça enorme com os Jornalistas de verdade. Segundo a proposta do Ministro, se tornar jornalista seria algo próximo de ir ao shopping-center e pedir pelo número 1 no McDonalds. No caso, comprariamos um diploma de jornalista em uma faculdadezinha de quinta categoria. Tudo assim, FAST, sem compromisso.
Ora, é óbvio que ninguem se forma Jornalista em 6 meses, mesmo já tendo graduação em outro curso superior. Caso contrário não existiriam os cursos de Comunicação Social. Cursos de 6 meses, ou até um ano, contribuiriam somente para aumentar ainda mais o número de cursos superiores caça-níqueis que abundam pelos sistemas de ensino Brasil a fora.
Alem disso Jornalistas realmente bem formados, com cursos de 4 anos, passariam a ser comparados com pessoas que fizeram um cursinho tapa-o-sol-com-a-peneira. Aqui a injustiça!
Para mim, o meio-termo a ser atingido é outro. Acredito que este tipo de curso rápido para Jornalistas só deva ser aplicado para aqueles profissionais não-formados em Comunicação, mas que já tenham prática jornalística comprovada, durante anos... Caso contrário seria desvalorizar ainda mais, o já tão desvalorizado e mau-pago setor das Comunicadores Sociais.

18 de Setembro de 2008

sábado, 12 de julho de 2008

Série Cartas: Despreparada Gay

Sou do Rio de Janeiro e vim a Fortaleza a trabalho. Esta cidade, alem de me proporcionar um ótimo ambiente para realizar minha profissão, é realmente linda e está de parabens. Eu fiquei encantado durante minha folga neste fim-de-semana, quando pude constatar que Fortaleza e adjacências não são o maior ponto turísitico do Brasil à toa. Muita coisa boa, e muito potencial ainda a ser desenvolvido nessa campo do turismo. Mas infelizmente após 22:30 da noite a Parada Gay continuava bombando com o som à toda do lado do apartamento onde estou alojado na Praia de Iracema. Acho que saber lhe dar com as diferenças é mesmo imprescindível para o Brasil. Mas se quisermos evoluir, de verdade , precisamos respeitar todas as pessoas, inclusive as que precisam acordar cedo para o trabalho no dia seguinte.

Carta enviada ao Jornal O Povo, de Fortaleza (CE) no dia 29 de Junho de 2008, durante o final da (Despre)parada Gay.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Sére Cartas: Árvores Assassinas do Leblon

Moro no Alto Leblon e escrevo para relatar e denunciar a calamitosa situação que estamos vivendo por aqui. Em Fevereiro deste ano caiu uma grande árvore, em frente ao prédio onde moro, em cima de uma escada que serve de acesso entre a Rua Sambaiba e a Rua Aperana. Uma parte do concreto da escada quebrou e dois carros foram completamente amassados, tamanho o peso do tronco. Um pouco antes disso, na esquina da Rua Aperana com a Rua Igarapava, a poucos passos do acidente na escada, minha mãe saia para caminhar quando um gigantesco tronco caiu a um metro de distância de onde ela estava, quase a atingindo. Se pegasse nela, hoje, certamente eu estaria sem mãe. Como se não bastasse, existe atualmente um enorme tronco dependurado. Ironicamente este tronco está seguro apenas por algumas raízes de ervas-de-passarinho, sobre esta mesma escada, que é um local onde todo dia transitam várias pessoas, que têm sofrido o risco da morte. Apesar de minhas ligações para os Bombeiros, Defesa Civil, Comlurb e Parques e Jardins ninguem aparece para dar jeito nisso. E nós que pagamos o maior IPTU do Rio de Janeiro continuamos a sofrer com arvores podres, erva-de-passarinho e de um profundo descaso. Os moradores do Leblon e Alto Leblon desejam uma ampla e urgente reforma de suas árvores, jardins e calçadas.

Rio de Janeiro, 25 de Abril de 2008

Sére Cartas: Contrasensos Urbanos

Enquanto São Paulo, bem como o Rio de Janeiro, vivem o auge de uma crise dos transportes, a indústria automobilística brasileira vive o auge de seu sucesso produtivo-econômico. Se o primeiro trimestre deste ano de 2008 foi o mais lucrativo para as indústrias de automóveis aqui etabelecidas, com produção recorde de mais de 300 mil veículos, o dia-a-dia do trânsito nas maiores cidades brasileiras tem se mostrado absolutamente tenebroso. Se por um lado GM, Fiat, VW, Ford e Pegeut-Citroen obtem lucros estratosféricos, o prejuízo gerado pelos engarrafamentos são da ordem de dezenas bilhões de reais por ano. Esse é certamente um dos maiores contrasensos que a nossa sociedade pode suportar. Acredito que a única e definitiva solução para este gigantesco problema não será nem o rodízio duplo, nem o pedágio. Acredito que somente quando substituirmos a força produtiva do transporte individual para os verdadeiros transportes públicos, como trens e metrôs (e nada de ônibus), teremos uma sociedade viável.

Rio de Janeiro, 7 de Abril de 2008

Sére Cartas: Energia do Futuro do Pretérito

Na edição deste sábado de "O Globo", os leitores receberam em anexo a seus jornais um livreto ilustrado, muito bonito por sinal, denominado Energia do Futuro, encomendado pela Eletrobrás em defesa da implantação da energia nuclear no país. Variados são os argumentos pró energia nuclear, nesta aparentemente bela publicação, em que infelizmente deixou de citar alguns dados. Esqueceram-se de dizer, por exemplo, que a energia nuclear é talvez a mais cara fonte de energia disponível hoje, tanto para implantação quanto para manutenção. Veja o exemplo de Angra 3, que ainda vai demorar anos até entrar em funcionamento e já estorou o orçamento em mais de 2 vezes alem do previsto. O que é gasto em segurança, para afastar riscos de acidente, com Angra 1 e 2 tambem não é pouco dinheiro não. Muitos estudos já mostraram como é economicamente mais rentável investir em programas de educação para redução do consumo, e em pesquisas para novas e limpas fontes de energia. A energia nuclear já foi, há décadas atrás, vista como Energia do Futuro, hoje em dia é Energia do Passado, convenhamos.

Rio de Janeiro, 7 de Abril de 2008

Série Cartas: Andar de carro?

No Caderno do Ancelmo achei surpreendente e admirável a opinião exposta no quadro Ponto-Final. Realmente o brasilerio deveria mesmo mudar de sonho, ao invés de cobiçar ter um carro zero, deveria se projetar num futuro glorioso, em que se deslocaria pelas cidades através do metrô ou outro transporte público de qualidade. Claro que para viajar, e para sair com a namorada(o), o carro continua sendo melhor opção. Mas a aterradora verdade é que os quase 2 milhões de automóveis, que estão frabicados todo ano no Brasil, estão servindo apenas para congestionar ainda mais as ruas. Sua utilidade é apenas causar um caôs urbano sem precedentes, ou seja, sua inutilidade. Não há por onde trafegar, nem onde estacionar, nem mesmo onde desembarcar os passageiros. Esse caôs é o dia-a-dia nas ruas de todas as grandes cidades brasileiras, e ninguem reclama, claro, porque já tem um carro na garagem. Esse é o maior erro de uma sociedade individualista, sentir-se bem consigo mesmo enqaunto o todo, o coletivo, está indo para as cucuias

Paralelamente, o metrô e os trens, que ainda não carregam nem metade dos passageiros que um dia deverá transportar, ficam absurdamente lotados nos horários de rush. Ser passageiro de metrê é um verdadeiro sacrifício. Outro dia mesmo uma multidão enfurecida quebrou o ônibus de integração do metrô, em frente a Siqueira Campos, pois ele demorara demais a liberar os passageiros. Todos os passageiros estavam espremidos, nervosos, aflitos e doidos para chegarem em seus trabalhos e não tomarem bronca do patrão. Mas como o patrão anda de carro é provavel que ele tenha chegado atrasado tambem. Só não chega atrasado quem anda de helicóptero. Esse é o verdadeiro e único luxo nos dias de hoje. Ter carro na garagem é mesmo besteira.

Rio de Janeiro, 11 de Março de 2008

Sére Cartas: Bicicletários, Mercenários

Ando pelo Rio de Janeiro quase todos os dias de bicicleta. Sinto na pele tanto os prazeres e a saúde que esse tipo de transporte proporciona, bem como os riscos e problemas decorrentes da falta de infra-estrutura. Semana passada mesmo tombei um baita tombo. Mas mesmo dividindo espaço com o barulhento, caôtico e perigoso tráfego de carros, e até correndo risco de vida, não desisto nunca da minha bike. Não só pela saúde de ferro que ela me proporciona, mas por saber que estou contribuindo para um mundo limpo, diferente de tudo que existe hoje.
Finalmente surgiu um projeto que parecia incentivar mais pessoas a deixarem seus sistemas de transporte convencionais e passarem a utilizar suas bicicletas, como eu. Me refiro ao projeto de novos bicilcetários no Rio de Janeiro patrocinado pelo Sul América Seguros, que tem ostentado gigantescos anúncios nas paginas de jornais e em outros meios da mída. Pena que os bicicletários de verdade não sejam tão eficientes quanto a propaganda que divulga o nome do Sul América. Eu, muito animado com a iniciativa, fui testar os protótipos instalados na praia de Ipanema. Chegando lá uma grande decepção, ao contrário do que o propagandeado, os biciletários são sucetícveis a ferugem sim, tanto que já apresentam traços de ferrugem em suas estruturas. Alem disso eles me parecem demasiadamente simples, e não me passam uma sensação de segurança. Sinceramente, acredito que os cidadãos cariocas, e principalmente o meio-ambiente, mereçam investimentos de verdade e uma infra-estrutura urbanística de qualidade.

Rio de Janeiro, 5 de Março de 2008

Série Cartas: Trangênicos Liberados

Essas verdadeiras anomalias genêticas, chamadas de transgênicos, estão sendo liberadas para livre utilização em consumo e ninguem sabe mesmo porque. Não há explicações minimamente razoaveis para tal uso. Já é de conhecimento geral que a utilização dos transgênicos não é, como costumava-se afirmar, economicamente vantajosa. Os agricultuores que fazem uso das sementes trangênicas são obrigados a comprá-las por um preço mais elevado que as sementes comuns, isso porque são proveninetes de laboratórios. Ainda sim, tambem são obrigadas a comprar, obrigatoriamente, da mesma empresa fornecedora das sementes o agrotóxico químico que serve para aquela semente. O agrotóxico envolve ainda mais gastos. Macroeconomicamente falando, o fenômeno dos transgênicos cria oligopólios no mercado da agricultura, não só no Brasil, mas em qualquer lugar do mundo onde se instala. Ecologicamente falando, existe o perigoso risco de contaminação genética, e a própria necessidade dos agrotóxicos, que como o nome diz, são tóxicos. Por que então aprovamos que essa coisa aindo nebulosa e nociva, chamada trangênico, seja plantada em nossos campos? Por que não investimos tempo e trabalho descobrindo as variações genéticas perfeitas que a mãe natureza nos criou ao longo de milhares de anos, ao invés de tentar, em uma década, inventar nossas próprias e imperfeitas?

Rio de Janeiro, 13 de Fevereiro de 2008